sexta-feira, 3 de junho de 2011

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Passos apressados na rua escura. Pensamentos distantes, carregados e vagos ao mesmo tempo. O vento gelado cortando meu rosto. Os olhos úmidos, tentando controlar a dor. A velha e conhecida dor.

Eu voltava pra casa mesmo sem encontrar motivos para fazê-lo. Fitava com insegurança o vazio e as sombras projetadas no asfalto pela luz fraca dos postes. Ergui o olhar e a figura de um moço de uns 30 anos, cabelos lisos, camisa pólo azul, jeans e um casaco preto me deu coragem de seguir o meu trajeto. Se algo ruim me acontecesse, eu gritaria, e estando próxima a alguém que aparentava ser um bom sujeito, eu estaria salva. Pelo menos era isso que eu esperava.

Segui o caminho por ele feito com os olhos fixos em seus pés, e quando por algum motivo eu perdia a concentração, tratava de logo recuperá-la. Mas parecia impossível numa noite como essa.

Se me perguntassem o que havia de errado comigo, é provável que eu não soubesse responder. E talvez realmente não houvesse nada, mas algo no meu subconsciente cuidava pra que esse turbilhão de sentimentos me dominassem. Podia ser apenas o cansaço ou alguma desilusão. Expectativas perdidas, talvez. Não sei.

É só que às vezes o que antes te completava, não serve mais. E nós erramos ao tentar substituir pessoas insubstituíveis. Erramos ao tentar sentir algo que só um único alguém consegue nos proporcionar. E erramos ao pensar que a solidão é o melhor remédio porque, aos poucos, ela sufoca.

Em mais um desses momentos eu novamente perdi o foco. Procurei rápida e desesperadamente pelo par de tênis brancos que eu havia seguido.

E ali estavam eles. Parados diante de um portão, abrindo um enorme sorriso enquanto uma moça de cabelos claros o correspondia com seu olhar. Ela abriu o portão, o abraçou e delicadamente pressionou seus lábios contra os do homem. Eles ficaram ali por alguns minutos e eu tive que continuar meu caminho. O caminho que insistia em me levar a minha própria realidade: Vazio. Sozinho. E silencioso.

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